segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Entrevista


MESTRE FRANJA
Rede Anca- Núcleo Abaeté



Adilson de Oliveira Ireno nasceu em 26 de Fevereiro de 1970. Mestre Franja foi como ficou conhecido nas rodas de Capoeira de sua cidade Natal, Descalvado/SP e posteriormente em Campinas/SP, onde mantém um trabalho muito respeitado. Casado, pai de cinco filhos, o mestre é responsável pelo núcleo Abaeté da Rede Anca de Capoeira. Mesmo sem o apoio de sua família ele seguiu na Capoeira e espera que ela possa retomar sua posição na luta pela igualdade.


*A entrevista a seguir foi realizada em Julho de 2012 e é inédita e exclusiva do Blog Capoeira de Toda Maneira 

(Maíra Gomes) - Como foi seu primeiro contato com a Capoeira?

(Mestre Franja) - Eu vi a capoeira pela primeira vez em uma praça da cidade de Descalvado/SP. Era uma roda de inauguração da primeira academia de capoeira da cidade. O nome do grupo era capoeira Angolinha,  mestre Ouriço(Jânio).

(Maíra Gomes) -  Por que o apelido de Franja?

(Mestre Franja) - O meu apelido vem do Franjinha da Turma da Mônica. Ficou no diminutivo por um bom tempo.

(Maíra Gomes) -  Sua família te incentivou a treinar?

(Mestre Franja) - Não. No começo meu pai ficou muito bravo e falava que era coisa de malando. Até hoje minha mãe fala pra eu deixar pra lá.


(Maíra Gomes) -  Em que ano ocorreu seu reconhecimento de mestre?

(Mestre Franja) - Eu peguei a minha primeira corda de mestre em 1994. Era aquele sistema da cor da bandeira. Peguei o 1° cordão branco de ponta verde, mas eu achava que era muito novo para ser mestre e não falava que era. Sempre pensei que para ser mestre tem que ter vários atributos (experiência de vida, conhecimento pessoal e da capoeira principalmente, entre outros...). Eu comecei a assumir depois que conversei com o M. Buiu e M. Kaco. Meus formandos já me cobravam isso há algum tempo. No meio dos capoeiristas já me chamavam de mestre.  Voltei a usar há 5 anos mais ou menos.


(Maíra Gomes) -  Por que fundar a Associação Cultural Brasileira Capoeira Abaeté?

(Mestre Franja) - Eu fundei um outro grupo antes do Abaeté chamado Capoeira Mareja, que tive alguns problemas com ele e fique desanimado. Mas com o apoio dos meus amigos e alunos resolvi dar prosseguimento a minha ideia do Mareja e fundei o Abaeté. Fundamos em 2009.
Capoeira Abaeté nasceu na cidade de Campinas/SP com o intuito de estimular, valorizar e desenvolver a prática da Capoeira, contribuindo com as pessoas que se identificam com a arte brasileira, no sentido de um desenvolvimento global do indivíduo, respeitando os aspectos motores, cognitivos e afetivos de cada um.
O nome é de origem Tupi, Abaeté (Abá-etê), significa homem de respeito; Abaeté para nós:, seres humanos de respeito.



(Maíra Gomes) -  Hoje o senhor faz parte da Rede Anca, núcleo Abaeté. O que motivou a adesão?

(Mestre Franja) - Sim faço parte. M. Buiu  e eu já tínhamos a ideia de fazer um trabalho juntos, então encontramos o M.  Kaco que tinha o mesmo pensamento e se identificou com as nossas ideias. Depois de um tempo fizemos essa adesão.

(Maíra Gomes) -  A Capoeira ainda te surpreende depois de todos esses anos?

(Mestre Franja) - Sim, pois a capoeira é uma arte que está em pleno desenvolvimento. Eu acredito que a capoeira vai se modificar muito mais ainda.


(Maíra Gomes) -  Quem são seu ídolos?

(Mestre Franja) - Mestre bimba e Mestre Pastinha


(Maíra Gomes) -  Quais as principais conquistas que a Capoeira te proporcionou?

(Mestre Franja) - São várias. Um conhecimento diferencial, onde você consegue sobressair em diversas situações; Realização pessoal; Bem estar físico e mental.

(Maíra Gomes) -  O senhor vive de Capoeira, ou além de dar aulas tem outro trabalho?

(Mestre Franja) - Eu não vivo da capoeira, mas teve uma época que já vivi. Hoje dou aula a noite, trabalho de eletricista de autos e tenho uma loja de fotografia.

(Maíra Gomes) - O senhor é casado com a Professora Sinhá e seus filhos também praticam Capoeira. O senhor conheceu sua esposa na Capoeira ou ela começou a praticar depois?

(Mestre Franja) - Sim sou casado com a Professora Sinhá.  Antes de ser casado com a Sinhá, eu tive um relacionamento, do qual tenho três filhos que não praticam capoeira. E agora tenho com a sinhá mais dois filhos que praticam. Ela treinava num lugar que eu dava aula. A nossa História começou no dia do aniversário dela.  Fizemos uma festinha surpresa pra ela e acabamos ficando juntos. Namoramos por um ano, depois casamos e estamos juntos até hoje, que já faz 15 anos de muitas histórias.

(Maíra Gomes) -  Como está a Capoeira em Campinas?

(Mestre Franja) - Aqui em Campinas a Capoeira está estável. Cada grupo fica no seu trabalho. Às vezes tem roda no centro de Campinas, aonde a gente se encontra.

(Maíra Gomes) -  O senhor acha que a Capoeira já conquistou seu lugar de direito na nossa sociedade?

(Mestre Franja) - Não. A Capoeira sofre com alguns preconceitos e desvalorizações  perante a sociedade mais favorecida. Vejo que a capoeira deveria retomar o seu processo de movimento revolucionário em nossa sociedade. Pois na nossa história a Capoeira sempre teve um papel de defender os menos favorecidos e hoje ficou ligada a visão de grupos (escravizando os seus adeptos) enfatizando o melhor atleta ou o melhor grupo. A capoeira como um movimento de transformação política, contra esta política dominadora da massa. Assim voltava a sua origem de movimento de luta da libertação da massa menos favorecida. 

(Maíra Gomes) -  O que significa para o senhor ser mestre?

(Mestre Franja) - Para min a palavra mestre é ligada diretamente a sabedoria mental e espiritual, e ao corpo físico. E pouco ligada a status .
Ser mestre de capoeira é uma responsabilidade muito grande, pois você é exemplo para todos os demais e principalmente para os seus alunos.  

Contato:

https://www.facebook.com/mestre.franja?fref=ts

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