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segunda-feira, 27 de março de 2017

A palavra do Mestre - Graduações - Parte 2


Na semana passada publiquei um texto escrito pelo Mestre Alexandre Batata, que aborda esse tema de uma forma bem completa, se você não leu, comece por ele.
Hoje, mais seis mestres opinam sobre o assunto. Vem comigo!


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Mestre Goioerê – Grupo Muzenza


"Realmente ficou muito confuso tantos grupos com tanto sistema de graduação, e fica cada vez pior, todo mundo sai de grupo cria grupo, novas graduações, as vezes muitos não tem nem título de professor de capoeira, geralmente muitos fazem isso porque não querem seguir normas regras do grupo que já tem um padrão, status, aí criam um novo grupo e automaticamente criam um monte de novas regras e fica pior que tava. Vendo por esse lado me deixa muito triste, isso atrasa muito a capoeira, deixa muito longe de ser uma arte organizado e uma vez por não ser organizada se torna muito mais difícil em ter apoio e suporte de entidades competente. No meu ponto de vista seria muito bom se a capoeira seguisse um sistema único de graduação como temos no judo, e jiu jitsu. Hoje você chega em uma roda você não sabe quem é o mestre ou quem é o aluno, muito confuso. Acho que esse é o desejo de muitos capoeiristas, ter uma unificação no sistema de graduação da nossa capoeira. Enquanto os capoeiristas, na escala de cima para baixo ("grandes mestres") não se conscientizar, vamos estar andando para trás."


Mestre Linguiça – Arte de Bamba

"Nossa arte é livre e como cultura se propaga através dá oralidade e do fazer. Então, na minha há opinião, mais importante que as cores e o material usado para identificação das graduações, seria a autenticação dos títulos, ex: Instrutor, Professor, Contramestre e Mestre. Desta forma o que teria maior significância seria os títulos e não as cores e os materiais usados. Mas independentemente dá variação de cores, materiais e formatos, nossa arte é mágica e agregadora e esse é apenas uma das várias outras questões atribuídas a nossa linda e maravilhosa arte."




Mestre Preguiça – Iê Capoeira

"Quando comecei a capoeira em 1978 só existiam 2 tipos de graduação, a graduação da federação, criada pelo mestre Mendonça, em 1972, que era as cores da bandeira do Brasil
E as outras graduações eram da senzala corda vermelha. Agora fizeram  uma bagunça  danada com as graduações. É uma pena."





A imagem pode conter: 1 pessoaMestre Cid – Capoeira Terranossa

"Antigamente existiam dois tipos de graduações, cordel, que eram as cores da bandeira do Brasil e corda, que era a linhagem da Senzala. Não tinha muito mistério. Com o passar do tempo, com a vaidade dos homens, o que aconteceu? Foram criando graduações e graduações, misturando as cores, uma vaidade. Um dia o cara tá no seu grupo, aí ele sai e faz um grupo para ele e cria uma nova graduação. Acho que nunca vai conseguir padronizar. Se conseguisse voltar como era antigamente com apenas dois tipos de graduação, corda e cordel, mas é muito difícil por conta da vaidade dos homens que é muito grande."


Mestre Ron – Raízes de Vila Nova

"Eu acredito que as graduações deveriam sim ser padronizada. No mínimo isso mostraria um pouco de organização dos capoeiristas, mas sei que dificilmente isso possa acontecer. Hoje existem muitas potências na capoeira que impedem essa unificação.
O número de grupos criados dificulta e muito que se chegue a um acordo. Poucos abririam mão da sua razão em relação a sua graduação.
Se, de repente, essa unificação trouxesse benefícios para os representantes de cada grupo, talvez se pudesse pensar na ideia. Teria que se fazer um estudo, para isso teríamos que ouvir os mestres que lideram os grandes grupos. O negócio é que ninguém vai largar mão de nada se não tiver algum beneficio. Infelizmente é desse jeito."


Mestre Kaco – Rede Anca

"Eu acho que, no momento atual, já se faz necessário unificar. As pessoas já vivem imitando umas às outras. Sendo assim, não vejo problema algum!"

domingo, 5 de abril de 2015

Entrevista

Mestre Ron
Raízes de Vila Nova


Ronaldo Alves Santos nasceu em 04 de março de 1963, hoje possui 52 anos. Mudou-se pra Santos com cerca de 7 anos. O pai era pescador e trabalhava em uma tecelagem em Neópolis, interior do Sergipe. A família era grande e a condição financeira era pouca, com a mudança de alguns parente para Santos, a família resolveu tentar uma vida melhor na cidade. Com um talento indiscutível para a confecção de instrumentos, Mestre Ron é nosso entrevistado de hoje.
*A entrevista a seguir foi realizada em Março de 2015 e é inédita e exclusiva do Blog Capoeira de Toda Maneira
(Maíra Gomes) - Como foi seu início na Capoeira?

(Mestre Ron) - Eu moro na zona noroeste da cidade de Santos, fui a praia um dia e vi uma roda. Na verdade eu acabei ficando assustado, porque eu era muito novo ainda, tinha uns 12, 13 anos e fiquei assustado porque vi uns caras muito grandes jogando capoeira. Vi umas pernadas muito fortes e aquilo ali acabou me assustando. Passou algum tempo, conheci um amigo que era contramestre, o Marinheiro, irmão do Mestre Bandeira, e meu irmão acabou indo treinar com ele. Eu ia acompanhar e acabou que meu irmão saiu e eu fiquei treinando e foi meu início na capoeira na ASCAB, Associação Santista de Capoeira Areia Branca.



(Maíra Gomes) - Conte um pouco da sua caminhada até a fundação do seu grupo, Raízes de Vila Nova:

(Mestre Ron) - Eu treinei durante 10 anos nesse mesmo grupo, com o Contramestre marinheiro e depois com o Mestre Bandeira. Passou um tempo, acabei me desentendendo com o Mestre Bandeira. Fui embora de Santos pra morar em Sergipe que é a minha naturalidade. Lá, na necessidade de treinar, que eu gostava muito, acabei montando meu trabalho. Hoje todo mundo que se desentende com o seu mestre e monta trabalho. Eu comecei na verdade na necessidade de treinar, porque não tinha ninguém, na minha cidade não tinha capoeira. Eu acabei sendo pioneiro, isso em 1991.



(Maíra Gomes) - Por que Raízes de Vila Nova?

(Mestre Ron) - O nome Raízes de Vila Nova é uma homenagem a minha cidade, Neópolis, que até a década de 1970 era conhecida como Vila Nova. O nome do grupo soava estranho pra muita gente, mas hoje não soa estranho, hoje estamos trabalhando firme em alguns lugares aí do Brasil.



(Maíra Gomes) - Como foi a sua formatura de mestre?

(Mestre Ron) - A minha formatura não foi uma cerimônia muito grande. Eu tive a surpresa de receber a corda em 2001, do Mestre Carvoeiro, que era um cara que treinava junto comigo, mestre na ASCAB . Quando eu peguei essa corda já tinha meu trabalho estabelecido. Já tinha voltado pra Santos e acabou que no aniversário dele, ele me chamou diante de todo mundo lá e acabou me dando essa corda. Já existia uma cobrança grande da comunidade para que eu pegasse a corda de mestre, pela postura, pela minha condição, tempo e tal. Mas foi uma coisa que eu não esperava.



(Maíra Gomes) - Como o senhor começou a trabalhar com instrumento musical?

(Mestre Ron) - Já treinando com o Mestre Bandeira eu tinha a curiosidade de fazer instrumentos. Naquele tempo, só se via berimbau de bambu em Santos, eu ia muito para alguns sítios lá na região e comecei a trazer esses bambus e fazendo alguns berimbaus. Quando eu ia pra Sergipe, sempre vou todos os anos, eu trazia cabaça e peguei gosto.



(Maíra Gomes) - Mas alguém te ensinou?

(Mestre Ron) - Não, berimbau foi uma iniciativa minha. Caxixi eu aprendi desmanchando para ver como fazia e o resto dos instrumentos foi tudo curiosidade. Salvo o atabaque, que eu levei um amigo meu de Sergipe, o Acauã, para dar um curso em Santos. E na verdade eu achei q ia bombar o curso, que todo mundo ia fazer inscrição e acabei gastando um dinheiro muito grande pra trazer o Acauã e na verdade tiveram quatro alunos que foram fazer esse curso de atabaque. E pra mim foi ótimo porque ninguém aprendeu, eu aprendi e sou o único que faz atabaque em Santos e vendo, reformo.



(Maíra Gomes) – O senhor trabalha somente com Capoeira?

(Mester Ron) - Eu sou jornalista na área de reportagem cinematográfica, mas abdiquei disso pra viver simplesmente da confecção de instrumentos.



(Maíra Gomes) - A musicalidade é sua parte favorita na capoeira?

(Mestre Ron) - Eu não vejo assim. Eu gosto muito de tocar, cantar, sou apaixonado por berimbau, mas o jogo da Capoeira pra mim é muito importante.



(Maíra Gomes) - O que você pensa que deveria ser diferente no mundo da Capoeira?

(Mestre Ron) - Hoje a gente tem muito mais opção de mestre, de escolhas e as pessoas acabam sempre optando pela escolha errada. Essas saídas de grupo, essa coisa de estar aqui, estar ali, isso me incomoda muito. Eu vim de um trabalho mais ou menos assim, mas motivado pela necessidade de treinar capoeira, não tinha a quem recorrer. Eu estava no interior de Sergipe, num lugar que ninguém conhecia a Capoeira e precisava treinar.



(Maíra Gomes) - O senhor acha que já chegou com o seu grupo onde queria chegar?

(Mestre Ron) - Eu já passei de onde eu esperava. A gente tem um trabalho pequeno, mas é um trabalho concreto, a gente tem uma base. Mas não só em termos de grupo, eu já cheguei além do que eu imaginava chegar com a Capoeira. Jamais esperava ter ido conhecer a Europa, a Capoeira me levou. Jamais esperava ter feito os eventos que eu tenho feito, trazendo 12, 13 estados do país na minha casa. Se eu tivesse que parar hoje, coisa que jamais vai acontecer, eu estaria super satisfeito, porque com ela eu fui além do que eu esperava.



(Maíra Gomes) - O senhor é casado, tem filhos?

(Mestre Ron) - Sim, sou casado e tenho 3 filhos.



(Maíra Gomes) - Todos capoeiristas?

(Mestre Ron) - Não, nenhum capoeirista. Isso me incomoda, mas eu não quero forçar meu filho a jogar capoeira. Eu quero que ele sinta a Capoeira como eu senti. Tem um agora que está retornando. Tem uma menina, que é a do meio e tem o mais velho que treinou, mas parou e agora o mais novo tinha parado, tava treinando bem, parou e agora tá retornando. Tô feliz com ele!



(Maíra Gomes) - Quem são seus ídolos?

(Mestre Ron) - Tem muita gente que não tem nem um status tão grande na capoeira e que eu sou fã. Eu prefiro não citar nomes. Pela conduta, pelo desempenho, pelo trabalho, pela humildade.



(Maíra Gomes) - O que faz um mestre de capoeira?

(Mestre Ron) - As pessoa vêm o mestre de capoeira pelas pernadas. Eu vejo nas pernadas o mínimo para um mestre de capoeira. Ele tem seu auge com as pernadas e chega um certo momento que é a administração, saber lidar com o aluno, as condutas dentro dos jogos, as condutas fora dos jogos, o caráter, tudo isso faz com que a pessoa se fortaleça como mestre. O reconhecimento de quem está ao lado, das comunidades. A imposição é uma coisa muito chata, tem gente que coloca uma graduação na cintura e diz “sou mestre de capoeira”, a graduação não faz ninguém mestre, o tempo faz mestre, as experiências na vida. As quedas que a vida te dá te fazem avaliar as coisas.



(Maíra Gomes) - O que falta para a Capoeira conquistar?

(Mestre Ron) - A Capoeira precisa de mais credibilidade. Mas os trabalhos estão sendo feitos, tem muita gente trabalhando seriamente, assim como tem muita gente pegando carona no mundo da capoeira. Mas eu creio que a gente está caminhando. Os mestres de verdade têm que passar para os seus discípulos, para os seus alunos, a maneira correta de se caminhar na capoeira. Muita gente com ego lá em cima, muita gente arrogante no mundo da capoeira e muitos mestres estão passando isso ainda. Quando isso tiver uma baixa, tenho certeza que a capoeira vai alcançar um patamar bem maior do que nós já estamos hoje. Nós já estamos longe, bem acima do que nós já fomos. Tenho certeza que quando as pessoas começarem a trabalhar com mais humildade, respeitando mais o próximo, a capoeira dará melhores frutos. Muito do que a gente perde na capoeira é em razão do egoísmo, da prepotência de várias pessoas . Eu prezo pelo cara que se dedica aos treinos tecnicamente, fisicamente e estuda um pouco da capoeira. E muita gente que reclama que a capoeira não dá nada, mais tarde vai ter um retorno. A capoeira é muito sincera com as pessoas. Se você trabalha pela capoeira, se você se dedica, se sacrifica, se você tiver paciência, com o tempo ela te dá um retorno. Agora se você quiser sugar dela e achar que ela vai te dar tudo numa questão de 2, 3 anos, aí você se decepciona com ela.

Contato:

https://www.facebook.com/mestreron?fref=ts




quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Hoje é dia de foto, de homenagem e de roda também!

Rio de Janeiro, Brasil

A foto de hoje  foi enviada pela Graduada Giuliane, do Grupo Raízes de Vila Nova, a quem eu agradeço pela colaboração. 

A foto é do evento que aconteceu em Neópolis/SE, nos dias 13 e 14 de Janeiro, sob a supervisão geral do Mestre Ron.

Evento em Neópolis, Mestre Ron, Raízes de Vila Nova/ Foto: Giuliane

Você também pode enviar fotos do seu grupo, do seu evento ou de algum momento especial. Colabore enviando para o meu e-mail.

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Hoje tem roda em homenagem ao Mestre Raladinho, nosso anjinho lá no céu. 

Há 15 anos ele subiu para ficar ao lado de Deus e tomar conta de todos nós aqui na terra. Em agradecimento por toda essa proteção, hoje o berimbau vai tocar só pra ele.Quem tiver com a energia em dia pode chegar!

Imagem de divulgação
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Hoje, dia 25 de Janeiro, meu filho Caio completa 5 anos, eu sei que o Blog é pra falar de Capoeira, mas pensa comigo: Conheci meu marido na Capoeira e é só porque a Capoeira entrou na minha vida que o Caio existe. E além disso eu sou mãe coruja e não podia deixar de compartilhar com vocês a alegria que é ser mãe do Caio. 

Então tem um vídeo do meu pequeno grande homem, cantando uma música de Capoeira, aliás, cantando não, dramatizando.



sábado, 8 de outubro de 2011

2º Santos Maré de Capoeira -2011

Imagem de divulgação

Rio de Janeiro, Brasil

Mestre Ron do Grupo Raízes de Vila nova está, desde ontem, recebendo convidados de várias partes do Brasil em seu evento.

Ontem a noite aconteceu a abertura com apresentações e roda de Capoeira. Hoje pela manhã os participantes tiveram oficinas com os mestres convidados, seguido por um passeio pela cidade de Santos. A partir das 18 h haverá uma roda no aquário Municipal.

Tá por aí? Então corre e aproveita, porque amanhã tem mais:

14 h - Batizado e troca de cordas
Local:Rua do Estradão na Z.N.

Imperdível pessoal, infelizmente eu não pude comparecer, mas mandei representante...Axé Capoeira!

Para mais informações:
(11)9167-7009
(11)8815-6010

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Terranossa: Evento no Nordeste atraiu diversos grupos.



A primeira edição do Maceió Beach Capoeira foi um sucesso. Inúmeros capoeiristas de diversos grupos compareceram nas mais diversas atividades, dos cincos dias de evento.
Participaram capoeiristas dos grupos: Candeias, Vila Nova, Raízes Negras, Liberdade, Legião Brasileira e Essência, além é claro dos anfitriões dessa grande festa, com a presença dos Mestres Cid e Niterói, Mestrando Caçapa e Instrutor Mandinga todos do Rio de Janeiro.

Foi uma verdadeira efervescência cultural, rica em debates sobre os fundamentos da capoeira, além de circuitos de treinamentos com mestres e professores.
Na tarde de domingo, na praia de Ponta Verde, uma grande festa tomou conta da orla de Maceió e encerrou oficialmente as atividades. Com direito a apresentações de grupos afros, maculelê, batizados e formaturas. 


Mestrando Juba, responsável pelo trabalho desenvolvido no Nordeste do Brasil, sob a supervisão do Mestre Cid, entregou cordas de iniciantes e graduados, com destaque para Professora Nana, que já vinha desenvolvendo um trabalho sólido em Maceió e Instrutor Vocabulário de Arapiraca. 


O gostinho de quero mais ficou nas palmas, na rouquidão dos cantores e no semblante dos jogadores. 
Que essa seja apenas a primeira de muitas edições e que o nordeste possa vivenciar com mais intensidade esse novo conceito de capoeira que permite a participação de diversos grupos e privilegia a amizade entre os capoeiristas.



Por Bárbara Esteves e Maíra Gomes

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