Entrevista

MESTRE MANCHA

Associação Iê Capoeira

Nascido em Niterói/RJ no dia 21 de Setembro de 1971, Oscarino da Conceição Júnior, mais conhecido como Mestre Mancha, encanta nas rodas com suas letras empolgantes e cheias de dendê. O apelido veio por causa de um derramamento de óleo na Bahia de Guanabara e com o tempo simplificou-se. 

Desde a sua fundação, em 1994, faz parte da Associação Iê de Capoeira ao lado de Mestre Capa.

Mestre Mancha vive agora um momento único de sua vida. Aos 40 anos está em estúdio para a gravação de seu segundo CD solo e a espera de seu primeiro herdeiro. 

Espero que gostem do resultado!

*A entrevista a seguir foi realizada em Janeiro de 2012 e é inédita e exclusiva do Blog Capoeira de Toda Maneira.

(Maíra Gomes) - Como o senhor começou na Capoeira? 

(Mestre Mancha) - Eu comecei a capoeira no mês de novembro no ano de 1987, aos 17 anos de idade. Meu 1º professor foi o Asa no grupo de capoeira Angonal.

(Maíra Gomes) - Conte um pouco da sua caminhada na Capoeira:

(Mestre Mancha) - Como mencionado anteriormente, iniciei a capoeira no Grupo Angonal com o Professor Asa, porém, por motivo da faculdade ele teve que parar de dar aula, por esse motivo comecei a treinar com o Mestre Preguiça, que também fazia parte do grupo citado. Em 3 de Setembro de 1994, os Mestres Preguiça, Capa e Canela se desligaram do Grupo Angonal e fundaram a Associação Iê Capoeira. Depois de 8 anos, por divergência de ideias, comecei a treinar com o Mestre Capa onde permaneço até hoje.

(Maíra Gomes) - Por que o apelido de Mancha e quem colocou no senhor?

(Mestre Mancha) - Logo assim que entrei na capoeira, um navio tinha derramado um monte de óleo na Bahia de Guanabara, deixando uma grande mancha negra nas águas. Aí um amigo de treino chamado cabeleira começou a me chamar de mancha negra, com o tempo ficou só mancha.

(Maíra Gomes) - O senhor está em processo de gravação do seu segundo CD solo. Quando ficará pronto?

(Mestre Mancha) - Realmente estou em processo de gravação de CD, pois tenho várias músicas e muitos amigos que gostam do meu trabalho. A previsão para a finalização da gravação do CD é para o fim de março, podendo ter entre 18 a 19 faixas. 

(Maíra Gomes) - O que o senhor acha da questão da pirataria na Capoeira?

(Mestre Mancha) – Sou totalmente contra a pirataria, infelizmente é quase impossível acabar com esse crime, enfim, perdemos nosso tempo dentro de estúdio, dinheiro e não somos reconhecidos pelas pessoas que cometem esse tipo de delito, muito menos temos o retorno merecido.

(Maíra Gomes) - A parte musical na Capoeira é a que o senhor mais se identifica?

(Mestre Mancha) - A capoeira é um esporte muito amplo, ela te dá oportunidade de você se destacar em vários aspectos, eu particularmente me identifico demais com a parte da musicalidade. 

(Maíra Gomes) - Como é o processo da composição das músicas?

(Mestre Mancha) – Eu não tenho um processo definido para compor músicas, pois estou sempre compondo, pra mim tudo é motivo. É óbvio que nesse processo sai muita letra ruim, como também nasce muita coisa boa.

(Maíra Gomes) - Ainda sobre música, quem é o seu ídolo quando se fala em música de Capoeira?

(Mestre Mancha) – Hoje em dia temos muitos cantadores bons no mundo da capoeira que fica complicado de citar nomes, porém tem dois mestres em especial que não poderia deixar de falar e que eu me inspiro muito. Um é o meu Mestre que é perfeito compondo e cantando, o outro é o Mestre Toni Vargas que tenho tremenda admiração, pois já treinei várias vezes embalado pelas suas cantigas, pra mim ele é um poeta da capoeira.

(Maíra Gomes) - Quais são as qualidades principais de um mestre de Capoeira em sua opinião?

(Mestre Mancha) - As qualidades do meu Mestre, pois além de mestre, é meu amigo, meu irmão, calmo no jeito de ensinar e está sempre disposto a te ouvir e lhe dar conselhos. 

(Maíra Gomes) - Quem são seus exemplos?

(Mestre Mancha) – Meu Mestre (Mestre Capa) e o Mestre dele (Mestre Bocka).

(Maíra Gomes) - Antes de dar aula de Capoeira o senhor trabalhou em outras áreas?

(Mestre Mancha) - Sou profissional da Capoeira, porém não vivo da Capoeira, sempre trabalhei em estaleiros, hoje trabalho numa empresa de monitoramento de alarme.

(Maíra Gomes) - Falando de família: O senhor é casado com a Professora Rainha. Ela está esperando o primeiro filho de vocês. Como está a expectativa?

(Mestre Mancha) – Sou casado com a Professora Rainha, ela está grávida de 5 meses. Estou numa fase muito mágica da minha vida, pois a sensação de ser pai é incrível.

(Maíra Gomes) - Vocês se conheceram na Capoeira?

(Mestre Mancha) – Eu a conheci na Capoeira, estava dando aula e ela foi fazer uma aula experimental, uma semana após já estávamos namorando.

(Maíra Gomes) - O que de mais importante a Capoeira proporcionou ou modificou na sua vida?

(Mestre Mancha) - Tudo na minha vida partiu da Capoeira, meus amigos, minha esposa, etc... O meu dia a dia é a Capoeira, meus finais de semanas, meu lazer tem que ser na capoeira.

(Maíra Gomes) - Sobre as associações que estão surgindo no meio da Capoeira. Como o senhor vê a união de vários grupos em Ligas, confrarias e afins?

(Mestre Mancha) –  Bem , eu venho de uma época que jogar capoeira era muito difícil, pois você tinha que realmente lutar capoeira. Hoje em dia o capoeirista teve que mudar seu modo de pensar, teve que mudar sua atitude. Por isso quando se vê qualquer tipo de reunião com mestres e outros capoeirista, sabemos que é pela a capoeira, só a capoeira ganha.

(Maíra Gomes) - A Associação Iê Capoeira faz parte de alguma iniciativa deste tipo?

(Mestre Mancha) - Não fazemos parte de nenhuma, mais sempre vamos a todas que somos convidados

(Maíra Gomes) - Pra terminar, o que o senhor acha que ainda precisa mudar na Capoeira?

(Mestre Mancha) - A capoeira é igual uma mãe, que não ver defeitos nos seus filhos, ela acolhe todo mundo, não importa se você é branco, negro, feio, bonito, rico ou pobre. Então, a capoeira não precisa mudar nada, se alguma coisa tem que mudar é o capoeirista e não a capoeira.

Contato:

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