quarta-feira, 29 de maio de 2013

Entrevista

MESTRE GATO
Grupo Senzala





Fernando Campelo Cavalcanti de Albuquerque nasceu em 14 de Junho de 1947. Pernambucano da Cidade de Recife, mudou-se para o Rio em 1952, onde permanece até hoje. 
Conheceu a Capoeira pelos livros de Jorge Amado, mas foi nos pés de Paulo Flores que viu a Capoeira pela primeira vez.
Ministrou aulas de Capoeira na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (onde foi aluno de Engenharia Civil)  e na Pontifícia Universidade Católica -PUC.
Mestre Gato conseguiu levar em paralelo a sua profissão e a vida de entrega e comprometimento de um mestre de Capoeira. 
*A entrevista a seguir foi realizada em Maio de 2013 e é inédita e exclusiva do Blog Capoeira de Toda Maneira


(Maíra Gomes) - Quando o senhor foi convidado pelo Paulo a treinar no Terraço de Laranjeiras já tinha algum conhecimento sobre Capoeira? Como foi seu primeiro contato com ela?

(Mestre Gato) - Foi numa festa em Laranjeiras, onde rolou um desentendimento entre o Paulo e outro rapaz. Eles foram para a rua resolver a parada, seguidos pela galera da festa. Na hora da briga, Paulo venceu seu oponente com um golpe de capoeira que me impressionou. Soube então que aquilo era capoeira e  Paulo me convidou para visitar o treino. Somente conhecia capoeira através dos livros de Jorge Amado e estava atraído pela magia de seus personagens .


(Maíra Gomes) - Com que frequência vocês se encontravam para treinar?

(Mestre Gato) - Nos sábados à tarde. Mas a gente procurava outros contatos também. Eu pessoalmente, conheci um baiano formado do Mestre Bimba, meu colega de colégio, e dei alguns treinos com ele. Em Ipanema, onde eu morava, havia alguns alunos da capoeira de Sinhozinho e a gente trocava umas pernadas de vez em quando.

(Maíra Gomes) - Por que o apelido de Gato ? Quem sugeriu?

(Mestre Gato) - Talvez tenha sido o Rafael. Não sei se por causa da agilidade, ou porque bebia muito leite na casa da saudosa D. Altair, mãe dos irmãos Flores, que sempre nos recebia com amor e paciência.


(Maíra Gomes) - Como sua família reagiu ao seu envolvimento com a Capoeira?

(Mestre Gato) - Meu pai era um pernambucano das antigas e viu com curiosidade.


(Maíra Gomes) - Quais os momentos mais marcantes na sua caminhada de capoeirista?

(Mestre Gato) - Quando a gente venceu o torneio  do Berimbau de Ouro em 1967; Um jogo que fiz com o saudoso mestre Camisa Roxa, falecido no mês passado, nos idos de 1968; Jogar com Nestor no The Place, Londres, em 1972; Fazer workshops de capoeira em lugares diferentes como Honolulu, Bali, e tantas outras cidades na Europa e Estados Unidos, levando nossa cultura popular a esses lugares e me sentindo valorizado por essa contribuição.



(Maíra Gomes) - Conte um pouco sobre o Torneio Berimbau de Ouro do qual foi campeão:

(Mestre Gato) - Foi um evento organizado pelo Clube dos Amigos do Folclore, a ser realizado na Feira da Providência, que acontecia durante alguns dias ao longo da Lagoa, Jardim Botânico, em frente à Sociedade Hípica Brasileira, até o clube Piraquê. Para participar, o grupo tinha que se registrar no Registro civil de PJ e fizemos sob o nome de Grupo Senzala, os diretores eram Paulo, Rafael e Gilberto Flores e os sócios fundadores, além deles três, o Preguiça e eu. O torneio era aberto a todos os grupos/associações do Rio de Janeiro e constava de uma apresentação de grupo por 10 ou 15 minutos e de um jogo de uma dupla por 5 minutos. A apresentação da dupla tinha um peso maior que a do grupo e uma comissão de jurados daria notas para cada apresentação. O troféu seria conquistado pela associação/grupo que vencesse por 3 vezes consecutivas ou 5 alternadas. Nós vencemos por 3 vezes,em 1967, 1968 e 1969, conquistando assim o Berimbau de Ouro. Nas duas primeiras vezes a dupla foi o Preguiça e eu. Em 1969, os organizadores disseram que nós éramos considerados professores e outra dupla nos representou, o Borracha e o finado Mosquito, vencendo também.

 
(Maíra Gomes) - Qual a sua formação acadêmica?

(Mestre Gato) - Além de capoeirista, sou engenheiro civil, com mestrado e curso de doutoramento  em recursos hídricos.


(Maíra Gomes) - O senhor hoje vive de Capoeira? Já teve empregos em outras áreas?

(Mestre Gato) - Sempre vivi do meu trabalho como engenheiro de recursos hídricos. Já trabalhei como faz tudo de escritório (Office boy), estagiário de engenharia, professor universitário, engenheiro mergulhador, engenheiro de recursos hídricos e como professor de capoeira (desde 1967).


(Maíra Gomes) - O senhor é casado? Quantos filhos tem? Todos capoeiristas?

(Mestre Gato) - Casado desde 1970, dois filhos e uma filha, 4 netos, todos capoeiristas.


(Maíra Gomes) - O senhor acredita na viabilidade de uma unificação das graduações na Capoeira?

(Mestre Gato) - Sou de opinião que as escolas de capoeira são como escolas de samba, cada uma tem seu sistema e essa liberdade deve permanecer. É uma arte popular, não deve ser padronizada.


(Maíra Gomes) - O que a Capoeira representa na sua vida?

(Mestre Gato) - Fonte permanente de inspiração e amor à vida.

Contato:

https://www.facebook.com/MestreGato?fref=ts


Um comentário:

  1. Grande Mestre Gato,capoeira REALMENTE "das antigas" aqui no RJ.Jogamos capoeira algumas vezes,na casa do meu mestre(Mestre Paraná),em Bonsucesso...isso lá no início dos anos 60.Iêêêeê Mestre Gato.

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