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Imagem de divulgação |
Rio de Janeiro, Brasil
Tenho lido muitas opiniões em sites, blogs e até nas redes sociais a respeito do UFC, vinda de Capoeiristas.
Não poderia deixar de falar sobre o tema, tendo em vista o espaço que o MMA conquistou na mídia e, por consequência, nas conversas entre amigos
Sou amante de lutas em geral. Sou capoeirista por uma questão de afinidade com o conjunto, o que não me impede de admirar as outras lutas.
Os capoeiristas que insistem em depreciar o MMA, alegando ser uma luta violenta, esquecem que a Capoeira sempre foi um "VALE-TUDO". Ou você vai me dizer que Capoeira tem regras preestabelecidas? O que existe é um "acordo de cavalheiros", que nem sempre é aplicado. Já vi gente sair da roda de Capoeira direto para o hospital e perder um órgão, já vi gente ser enterrada de cabeça no chão, ser jogada de quase dois metros de altura de costas no solo. Já vi muita grosseria em roda de Capoeira. É claro que não é o ideal, mas desde que nos propomos a participar de um espaço sem regras devemos estar prontos para tudo.
O suporte aos atletas torna o MMA uma luta com menos riscos do que a própria Capoeira
No MMA os atletas estão muito mais bem preparados. São como cavalos de corrida, super alimentados, cheios de suplementos, acompanhamento profissional, médicos de plantão, nutricionistas, fisioterapeutas e treinamento de ponta. E na roda de Capoeira? Muitas vezes o cara trabalhou o dia todo, mal teve tempo para uma refeição decente, mas chega na roda e faz o dele. No MMA os atletas se enfrentam por peso. Na Capoeira se enfrentam por coragem, não importa o tamanho do oponente, você compra o jogo e seja o que deus quiser. Além disso, na Capoeira muitas vezes é só amor, no MMA tem dinheiro, muito dinheiro.
O que compensa cada olho roxo, cada costela fissurada ou osso quebrado, além do dinheiro, é a fama e, além da fama, a satisfação da vitória, da supremacia sobre o oponente.
A Capoeira não perde nada com o crescimento do MMA no Brasil
O MMA pode ser uma boa oportunidade para que a Capoeira seja vista como luta. E não só como um balé, como muitos leigos pensam, pois, muitos dos atletas já praticaram ou praticam a nossa arte.
Quem leu minha matéria sobre a relação entre o MMA e a Capoeira, na Revista Praticando Capoeira nº44 ano II, pode constatar que muitos grandes atletas levam a Capoeira na bagagem.
Nessa primeira edição do TUF Brasil não é diferente. Temos o Delson Pé de Chumbo, de Teresópolis/RJ, que aliás, está na matéria que citei a cima.
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Pé de Chumbo/ Imagem de divulgação |
Capoeirista, Pé de Chumbo é o nosso representante no TUF e eu me orgulho disso. Espero que ele possa mostrar o sangue no olho que só a Capoeira dá. Porque cada um absorve da Capoeira aquilo que melhor lhe completa.
Não irá me surpreender em nada que outros participantes já tenham treinado Capoeira. E vou me orgulhar igualmente daqueles que possam mostrar para o mundo que a Capoeira é técnica, agilidade, destreza e que pode ser tão boa nos chutes quanto o muay thai, tão eficiente nas quedas quanto o Judô e com um elemento a mais, a malandragem e o gingado que só a Capoeira está apta a ensinar.
Para as próximas edições torço para que tenhamos um representante como o Professor Barrãozinho, que usa os golpes da Capoeira nas suas lutas e tem conseguido excelentes resultados.