No último dia de março, mês em que comemoramos o dia Internacional da Mulher, te convido a uma reflexão.
Durante o mês de março se tornou pública uma prática nojenta que vem ocorrendo nos transportes públicos, a encoxada. A prática vem sendo coibida e o resultado é de 17 suspeitos presos em São Paulo, até o dia 20 desse mês. Leia mais
Na semana passada foi divulgada uma pesquisa, que teve como resultado a triste constatação da sociedade machista em que vivemos. Nela, 55% dos entrevistados afirmaram que “se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros” e 42% das pessoas acreditam que a mulher é culpada pela violência sexual”.
Em relação a violência doméstica, 63% acredita total ou parcialmente que a violência doméstica deve ser discutida apenas entre os membros da família, 89% afirma que "a roupa suja deve ser lavada em casa” e 82% que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, o que, obviamente, exclui a possibilidade da mulher denunciar o marido agressor. Leia mais
A tolerância com a violência contra a mulher é apenas um reflexo da sociedade machista e patriarcal que vivemos.
No meio disso tudo você pensa, "Por que ela tá falando disso num Blog de Capoeira?" Eu respondo, a maior parte dos meus leitores é homem, a maior parte dos Capoeiristas é homem e o machismo se revela o tempo todo nas rodas de Capoeira.
Quando uma mulher é elogiada, reconhecida como uma grande capoeirista é comum ouvirmos que "ela joga igual homem", como se a única forma de uma mulher jogar bem capoeira e se destacar, fosse se masculinizando.
É comum ter um momento na roda separado para as mulheres jogarem entre si, o que pra mim é como se você me dissesse que eu só posso jogar naquele momento. Até com eventos femininos eu tenho minhas reservas. Aceito melhor os que são organizados pelas próprias mulheres e conduzidos por elas, pois assim atendem os interesses delas.
Há muitos anos atrás assisti uma palestra no evento de um grande grupo, que não irei citar o nome. A palestrante dizia que muitas mulheres iam para Capoeira se exibir para os homens. E que faziam isso usando tops e calças justas. Sob essa ótica me vem a questão, os homens estão se exibindo para as mulheres quando treinam sem camisa? Eu realmente não entendo esse tipo de colocação, ainda mais quando vem de uma mulher.
Aos poucos nós estamos conquistando espaços diferentes, os CD´s gravados apenas por mulheres, como fez Carolina Soares e as meninas da ABADÁ-Capoeira, são exemplos disso. Compreendo que gosto não se discute, ninguém é obrigado a gostar, mas reconhecer um trabalho bem feito e respeitar esse trabalho é uma questão de justiça.
O número de mestres do sexo feminino ainda é nitidamente inferior ao de mestres do sexo masculino.
Os pontos são muitos e passam também pela falta de reconhecimento, pela falta de pesquisas especializadas sobre a participação da mulher na Capoeira, as dificuldades que as mulheres encontram para continuar frequentando os treinos, rodas e eventos após o nascimento dos filhos e muitas outras coisas.
Solução para o problema eu não tenho, o que eu proponho é uma análise simples nas nossas atitudes e uma coibição de comportamentos machistas em nossos locais de treino e na nossa vida particular de uma forma geral.
Se nada mudar, ao menos sei que tentei.
Se nada mudar, ao menos sei que tentei.
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