O aluno iniciante - Texto opinativo

Quando tinha meus alunos procurava ensinar, além de capoeira, uma postura em relação ao próximo, dentro e fora da roda.
Por vezes o comportamento de alguns capoeiristas me fez pensar: "Se fosse meu aluno eu teria vergonha!", e não é que o capoeirista em questão jogue mal (o que é muito relativo), ou porque gosta de trocar uns bicos, não, é porque esse capoeirista não aprendeu a respeitar o limite do outro. E a culpa é de quem? A meu ver, do professor.
Milhares de vezes saí de roda de capoeira sem jogar porque quando eu chegava ao pé do berimbau alguém vinha e se enfiava na minha frente. Como eu aprendi a respeitar os mais graduados, fingia não estar frustrada. Só que hoje eu vejo esse comportamento vindo do aluno iniciante, um aluno que como diz a canção "não sabe andar, já quer correr".
As rodas de iniciantes estão insuportáveis, uma troca de bicos gratuitos, sem o menor propósito.
Jogo de compra está impossível, mal você coloca o pé no jogo, já vem outro e te tira. Quer dizer, sendo a Capoeira um jogo de pergunta e resposta, o diálogo fica sempre incompleto.
O aluno não está sendo educado dentro da sua academia e quando chega na roda de outras pessoas repete o único comportamento que ele conhece.
E o que dizer da farta distribuição de cordas? Eu nunca aceitaria uma corda, qualquer que fosse, se não estivesse treinando, mas essa é uma postura minha, porque sei muito bem que a cobrança será feita dentro da "redonda" e lá é cada um por si e deus por todos.
A corda não faz o capoeirista, é o tempo que faz. Saber que o aprendizado nunca acaba é essencial, mantém os pés no chão.