O mês de março é o mês que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, e é preciso mostrar que mais do que um "enfeite", as mulheres ajudam a escrever a história da nossa arte.
Muitas vezes ouço que não há preconceito em relação ao sexo feminino na roda de capoeira e tive um professor que dizia"Quando veste o abadá não tem mais sexo" e eu concordo, apesar de perceber que muitas mulheres não fazem sua parte para que sejam parte integrante de uma unidade e não a exceção de uma regra.
A Capoeira abriu as portas para a mulher, mas os Capoeiristas muitas vezes não as enxergam como iguais e é até preciso um momento específico na roda de Capoeira para que elas joguem. Eu não concordo e me abstenho de participar, porque acredito que a capoeira liberta e deve libertar também do preconceito e da "proteção". Ora, sexo frágil?! Faz tempo que não somos e nem podemos ser frágeis. Contribuímos com as despesas da casa e muitas vezes até sustentamos nossas famílias. Enfrentamos jornadas duplas e até triplas de trabalho, sem descuidar da vaidade e da paixão pela Capoeira.
Para as mulheres é um pouco mais difícil, porque a família é sempre prioridade, por mais amor que se tenha, nem todas conseguem levar em paralelo uma vida de Capoeirista, principalmente se o marido, namorado ou companheiro não for do meio. É difícil compreender que sua mulher saia numa sexta a noite para roda, que passe o final de semana em um evento.
E infelizmente ainda vivemos numa sociedade machista, onde as tarefas não são divididas de maneira justa.
Acredito nos eventos femininos somente quando há um espaço para discussão, para buscar o conhecimento e principalmente para nos unir em prol de uma causa maior. Reunir um monte de mulher só pra trocar pernada, não vejo porquê. A mulher tem que estar no ritmo, no canto, no jogo e no comando. Buscando seu espaço e não é segregando que se integra.
Essa semana vamos falar das mulheres de ontem e de hoje e mostrar que até nas músicas cantadas nas rodas há uma discriminação velada, que mostra a figura de uma mulher companheira, feminina, mas não uma guerreira, como de fato somos. Acima de tudo Capoeirista!
Não é por ser mulher, é por uma questão de justiça.
Aproveitando o tema, recomendo a vocês o CD "'O canto feminino" da ABADÁ-Capoeira. Gravado em Julho de 2010, é inteiramente cantado por mulheres