Hoje encerramos a homenagem a Waldeloir Rego com as letras T, V, Y e Z.
T
v. Corrutela de está, do verbo estar.
Ex:
Viola velha o qui é qui tem
Qui tá gemendo
Tô com uma dô de cabeça
Não posso panhá sereno
Minha mãe sempre me dizia
Qui muié matava home
Agora acabei de crê
Quando não mata consome.
Qui tá gemendo
Tô com uma dô de cabeça
Não posso panhá sereno
Minha mãe sempre me dizia
Qui muié matava home
Agora acabei de crê
Quando não mata consome.
s.m. Corrutela de tabuleiro.
Ex:
Não mandei voce pegá
No tabulêro de yayá.
No tabulêro de yayá.
Palavra de origem e acepção desconhecidas.
Ex:
Como vai, como stá
Tandirerê.
Tandirerê.
O como vai vosmicê
Tandirerê.
Tandirerê.
Tu vai bem de saúde
Tandirerê.
Tandirerê.
Pra mim é um prazê
Tandirerê.
Oi como vai, como stá.
Tandirerê.
Oi como vai, como stá.
v. Corrutela de ter, verbo ter.
Ex:
Não se mêta meu irmão
Qui esse home é valente
Na usina Caco Velho
Já matô Chico Simão
Qui esse home é valente
Na usina Caco Velho
Já matô Chico Simão
Vamo imbora camarado
Vamo saí dessa jogada
A festa é muito boa
Mas vai tê muita pancada.
Vamo saí dessa jogada
A festa é muito boa
Mas vai tê muita pancada.
Ex:
Panhe a laranja no chão tico-tico
Pois tua saia é de renda de bico
Panhe a laranja no chão tico-tico
Se meu amô fô imbora eu não fico
Panhe a laranja no chão tico-tico
Na uma, nas duas, nas três eu não fico.
Pois tua saia é de renda de bico
Panhe a laranja no chão tico-tico
Se meu amô fô imbora eu não fico
Panhe a laranja no chão tico-tico
Na uma, nas duas, nas três eu não fico.
s.f. Define Fernando São Paulo como sendo uma
designação que abrange, indistintamente, o grupo das dermatomicoses nomeadas tinhas na medicina culta, e outras afeções da pele.
Ex:
Te dô sarna te dô tinha
Te dô doença do á
Te dô piolho de galinha
Pra acabá de matá
Te dô doença do á
Te dô piolho de galinha
Pra acabá de matá
Ex:
E tiririca é faca de cortá
E tiririca é faca de matá
E faca qui mata meu sinhô
E faca qui mata minha sinhá
é faca de matá.
E tiririca é faca de matá
E faca qui mata meu sinhô
E faca qui mata minha sinhá
é faca de matá.
v. Corrutela de trabalhar, verbo trabalhar.
Ex:
Ao pé de mim tem um vizinho
Que enricô sem trabaiá
Meu pai trabaiô tanto
Nunca pôde enricá
Não deitava uma noite
Que deixasse de rezá.
Que enricô sem trabaiá
Meu pai trabaiô tanto
Nunca pôde enricá
Não deitava uma noite
Que deixasse de rezá.
s.f. Corrutela de traição, do latim traditione, entrega.
Ex:
Tava no pé da Cruz
Fazendo a minha oração
Quando Dois de Oro
Feito a pintura do cão
Fazendo a minha oração
Quando Dois de Oro
Feito a pintura do cão
Camaradinho ê e
Camaradinho, camarado
Oi a treição e e
Oia a treição camarado.
Camaradinho, camarado
Oi a treição e e
Oia a treição camarado.
s.f. Corrutela de travessia, que é têrmo náutico, designativo do vento de través, isto é contrário à rota que segue um navio.
Ex:
Cachorro qui ingole osso
Ni alguma coisa ele se fia
Ou na güela ou na garganta
Ou ni alguma trivissia
Ni alguma coisa ele se fia
Ou na güela ou na garganta
Ou ni alguma trivissia
A coisa milhó do mundo
E se tocá berimbau
Lá no Rio de Janêro
Na Rádio Nacional.
E se tocá berimbau
Lá no Rio de Janêro
Na Rádio Nacional.
s.f. Corrutela de torpedeira, vaso de guerra. Deriva do substantivo torpedo, arma de guerra, mais o sufixo eira.
Ex:
Piauí de tupedêra
Ti no pôrto da Bahia
Marinhêro suburdinado
Tu prantando arrelia
Se eu fosse governadô
Do estado da Bahia
Quando desse as quatro hora
O Itapa não saía
Não vá se mete a pique
La nas águas do Japão.
Ti no pôrto da Bahia
Marinhêro suburdinado
Tu prantando arrelia
Se eu fosse governadô
Do estado da Bahia
Quando desse as quatro hora
O Itapa não saía
Não vá se mete a pique
La nas águas do Japão.
s.m. Corrutela de tostão.
Ex:
Nêga fia teve aí
Deu dinhêro pra mamãe
Deu dinhêro pra papai
Deu carne, deu farinha
Deu café, deu feijão
Eu porque era minino
Me dero um tostão
Eu comprei meu berimbau
Pra tocá no Rio de Janêro.
Deu dinhêro pra mamãe
Deu dinhêro pra papai
Deu carne, deu farinha
Deu café, deu feijão
Eu porque era minino
Me dero um tostão
Eu comprei meu berimbau
Pra tocá no Rio de Janêro.
V
v. Corrutela de ver, verbo ver.
Ex:
E abalô, abalô
Abala quero vê abalá.
Abala quero vê abalá.
s.f. Corrutela de volta.
Ex:
Vamos imbora
Iê, vamos imbora
Camarado
Iê, vamos imbora
Camarado
Pro mundo afora
Iê, pro mundo afora
Camarado
Iê, pro mundo afora
Camarado
Rio de Janêro
Iê, Rio de Janêro
Camarado
Iê, Rio de Janêro
Camarado
Da vorta do mundo
Iê, da vorta do mundo
Camarado.
Iê, da vorta do mundo
Camarado.
Y
s.f. Diminutivo de sinhá, corrutela de senhora. Ver o verbête sinhô.
Ex:
Oi yayá mandô dá
Uma vorta só
qui vorta danada
Uma vorta só
Ô qui leva ou me vorta
Uma vorta só
Oi qui vorta danada
Uma vorta só
Oi yayá mandô dá.
Uma vorta só
qui vorta danada
Uma vorta só
Ô qui leva ou me vorta
Uma vorta só
Oi qui vorta danada
Uma vorta só
Oi yayá mandô dá.
s.m. Diminutivo de sinhô, corrutela de senhor. Ver o verbete sinhô.
Ex:
No tempo que eu tinha dinhêro
Cumi na mesa cum yoyô
Cumi na mesa cum sinhá
Cumi na mesa cum yoyô
Cumi na mesa cum sinhá
Agora dinhêro acabó
Capoêra qué me matá.
Capoêra qué me matá.
Z
v. Zoar.
Ex:
O qui zoa marimbondo
Marimbondo, marimbondo
O qui zoa marimbondo
Marimbondo, marimbondo
Marimbondo me mordeu
Qui zoa marimbondo
Marimbondo, marimbondo.
Marimbondo, marimbondo
O qui zoa marimbondo
Marimbondo, marimbondo
Marimbondo me mordeu
Qui zoa marimbondo
Marimbondo, marimbondo.
Assimilação do s final do artigo plural os ao substantivo óio, corrutela deolho. Portanto, a expressão os olhos passou, na língua popular, para o zóio.
Ex:
Na minha casa veio um home
Da espece dos urubus
Tinha camisa de sola
Paletó de couro cru
Faca de ponta no cinto
Da espece dos urubus
Tinha camisa de sola
Paletó de couro cru
Faca de ponta no cinto
Rabo cumprido no cu
Os beiço grosso e virado
Como sola de chinelo
Um zóio bem encarnado
Outro bastante amarelo.
Os beiço grosso e virado
Como sola de chinelo
Um zóio bem encarnado
Outro bastante amarelo.
REGO, Waldeloir. Capoeira Angola – Ensaio sócio-etnográfico. Salvador:Editora Itapoan,1968
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