segunda-feira, 16 de maio de 2011

Homenagem ao Mestre Peixinho - *1947 +16 de Maio de 2011

Imagem do Google
Rio de Janeiro, Brasil

Infelizmente temos noticiado muitas despedidas aqui no Blog, como estamos no mundo somente de passagem, é realmente inevitável que esse tipo de notícia chegue para nós.

Quem nos deixou na última madrugada foi o grande Mestre Peixinho, do Grupo Senzala.

O mestre vinha lutando já há algum tempo contra um câncer que o enfraquecia e debilitava. Ontem ele foi sedado e alguns veículos já noticiavam sua morte. Apesar da confusão, Mestre Peixinho só passou a integrar as rodas do céu durante a madrugada.

Mestre Peixinho fez um trabalho muito importante para a Capoeira no Brasil e no mundo. Trabalho que com certeza será mantido por seus discípulos.

Mestre Toni Vargas  conta um pouco de sua adoração pelo mestre que o acolheu em um de seus CDs, " Cheguei na Senzala em 1977. Senti que tinha encontrado um lugar para continuar o meu aprendizado. O Mestre Peixinho esteve comigo e está lado a lado. É como diz a cantiga, 'a ele devo dinheiro, saúde  e obrigação'. Iê viva o meu mestre".

E segue cantando a  letra de sua autoria: 


"Meu mestre é pequenininho
Quando quer fica menor
Pode ser seixo miúdo
Ou ter o brilho do sol
Que te cega
Tu procura, procura não acha
Se "tu vem" por baixo ele voa
Se "tu vem" voando ele abaixa
Meu mestre é pequenininho
Cuidado tu pode nem vê
Que quando ele abre a ginga
Derrama na roda mandinga
E fica maior que você camará
Ié o mestre é bom"

Estamos de luto em solidariedade aos irmãos da Senzala. Com certeza a capoeira perde um grande Mestre e um ícone da história da Capoeira. 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Nossa História - 13 de Maio de 1888 - O processo que nos levou a abolição da escravatura

Mestre Toni Vargas/Imagem do Google
Rio de Janeiro, Brasil

Os portugueses chegaram aqui em 1500, mas, a colonização só teve início 16 anos depois. 

No início os índios eram usados como mão de obra escrava, no entanto, essa pratica foi proibida pelo Marques de Pombal. Os índios eram considerados pouco aptos ao trabalho, porém, o fator mais relevante era o conhecimento do território, o que facilitava fugas. Também há relatos de ataques de ameríndios à vilas.

Alguns historiadores defendem que a questão determinante esteja ligada ao comércio escravista. Começava assim, no século XVI, com a produção canavieira, a escravidão dos negros no Brasil, prática já comum na Europa.

Os Negros eram trazidos do continente Africano nos porões do navios em condições desumanas de alimentação e higiene. O que muitas vezes causava a morte de parte da "carga". Os corpos eram jogados ao mar.

Tratados como mercadoria, os negros tinham valores diferentes de acordo com as condições de saúde e idade. Até o lugar de origem influenciava no preço a ser pago pelo escravo. Além disso, o dia-a dia dos escravos incluía  de 14 a 16 horas de trabalhos forçados e sessões de castigos físicos. Vestiam trapos e se alimentavam no máximo duas vezes ao dia.

Dormiam em Senzalas, acorrentados e trancafiados, como forma de prevenir as fugas. Quando os escravos conseguiam driblar a vigilância dos feitores, fugiam para os Quilombos.

Os Quilombolas muitas vezes atacavam  as fazendas e se tornavam um perigo para os senhores e seus capatazes. Por quase 300 anos essas praticas foram comuns e até consideradas normais.

Em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, foi extinto o tráfico negreiro. Pelo menos de acordo com a lei era isso que deveria ter acontecido.

Em 1871, foi declarada a Lei do ventre livre, que tornava livre os filhos de escravos nascidos a partir daquela data.

Em 1885, foi aprovada a Lei Saraiva-Cotegipe, também conhecida como Lei dos Sexagenários, que alforriava os negros após os 60 anos.

Em 1886, o governo proíbe os castigos físicos aos escravos.

Em 13 de Maio de 1888, Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, que concedia a liberdade total a todos os escravos. 

A ideia de que a Princesa teria sido extremamente generosa em seu ato Abolicionista vem sendo questionada por muitos historiadores, que dão como certo o fato de que as rebeliões que aconteciam por todo o país ameaçavam a ordem imperial e escravista, tornando a escravidão inviável do ponto de vista econômico e político.

Todas as injustiças cometidas durante séculos de escravidão, não tiveram compensação com a Lei Áurea. Os negros, desamparados, sem estudo e sem emprego, passaram a viver a margem da sociedade. As mulheres negras continuavam a fazer serviços domésticos, com baixa remuneração. Devido a discriminação os homens negros que disputavam o serviço pesado com outros imigrantes não conseguiam trabalho.

Hoje, 123 anos depois da assinatura da Lei Áurea, ainda encontramos discriminação. Porém é uma discriminação velada, em forma de piadas racistas e sem graça. O negro ainda precisa de cotas pra ver assegurado seu direito ao ensino superior e muitas vezes é comum escutarmos histórias de negros que chegam ao sucesso profissional e tem questionadas as suas capacidades. 

É muito triste que os homens brancos ainda gostem de brincar de raça superior, tal qual fez Hitler matando milhares de Judeus no Holocausto.

Somos todos iguais perante o Estado. Façamos nossos direitos serem cumpridos.



Fontes:

 http://estudeonline.net/revisao_detalhe.aspx?cod=23
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea#A_Lei_.C3.81urea_perante_a_historiografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Coloniza%C3%A7%C3%A3o_do_Brasil#O_in.C3.ADcio_da_coloniza.C3.A7.C3.A3o_europeia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escravid%C3%A3o

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Super Bem na Casa da capoeira de Bauru

Imagem do Google


Rio de Janeiro, Brasil

O programa Super bem, da TV Tem, afiliada da Rede Globo do Interior de São Paulo, fez uma matéria com o pessoal da Casa da Capoeira de Bauru

A associação é voltada para prática da Capoeira e estudos sobre demais temas correlatos. Entre outros projetos, será responsável pela festa de inauguração da Praça Mestre Bimba, prevista para o segundo semestre desse ano.

O programa que fala sobre saúde e bem estar, atividades físicas e suas possibilidades abordou a Capoeira dentro dessa temática.

Para quem quiser assistir, o Super bem vai ao ar no sábado às 9 horas. Para quem não está na região, poderá assistir na Internet após ás 9h30 da manhã, no site da Tv Tem.

Segue making of do programa:





Para mais informações :

(14) 3011-4711



segunda-feira, 9 de maio de 2011

Semana de comemoração pela Abolição da escravatura no Brasil

Navio Negreiro/Imagem do google
Rio de Janeiro, Brasil

Durante essa semana irei postar coisas referentes a escravidão no Brasil. Hoje escolhi um trecho emocionante do poema de Castro Alves - Navio Negreiro

Esse mesmo poema foi musicado por Caetano Veloso em seu álbum Livro, simplesmente de arrepiar a alma.




"(...)Era um sonho dantesco... o tombadilho 
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite... 
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar... 

Negras mulheres, suspendendo às tetas 
Magras crianças, cujas bocas pretas 
Rega o sangue das mães: 
Outras moças, mas nuas e espantadas, 
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs! 

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente 
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala, 
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais... 

Presa nos elos de uma só cadeia, 
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece, 
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri! 

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..." 

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
          Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
          E ri-se Satanás!...  "




Link para ler o poema completo:

Não se esqueçam!

Imagem de divulgação

Rio de Janeiro, Brasil

Estréia hoje, na TV Brasil, a série "Capoeira pelo mundo", com a apresentação do Mestre Boneco,  a partir das 22 h.

Para quem está no exterior, o programa será transmitido pela internet no site da TV Brasil, ao vivo. 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Benguela ou Banguela - Que nome deu Mestre Bimba?


 Gravura de Carybé/ Imagem do Google


Rio de Janeiro, Brasil

Há muito tempo eu escuto essa discussão. Ontem, ao ouvir uma música do Mestre Toni Vargas, "É Banguela ou Benguela?" me lembrei desse tema e resolvi expor aqui meu ponto de vista a respeito desse assunto, evidentemente com o intuito de saber também a opinião dos meus leitores.

Vou transcrever trechos da letra do Mestre Toni Vargas

É Banguela ou Benguela?

"É Banguela ou Benguela?
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela ou Benguela?
coro: Pergunte a seu Bimba
Não pergunta pra mim
coro: Pergunte a seu Bimba
Não pergunta pra ela
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela ou Benguela?
coro: Pergunte a seu Bimba
Mas eu vi na revista
coro: Pergunte a seu Bimba
Por favor não insista
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela
coro: Pergunte a seu Bimba
é da Regional
coro: Pergunte a seu Bimba
Foi ele quem criou
coro: Pergunte a seu Bimba
O mestre confirmou
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela ou Benguela hein Mestre?
coro: Pergunte a seu Bimba
Hein Mestre é Banguela ou Benguela, Banguela ou Benguela?
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela
coro: Pergunte a seu Bimba
É da Regional
coro: Pergunte a seu Bimba
Mas se meu mestre falou...
coro: Pergunte a seu Bimba
Vêm cá, mas ele é Mestre Bimba?
coro: Pergunte a seu Bimba
Não é não, não senhor.
coro: Pergunte a seu Bimba
É Banguela(...)"

Segundo o próprio Mestre Toni Vargas,  as quadras e corridos compostos por ele exigiram "um mergulho na sonoridade e no Axé de seu Bimba", contou. 

O lançamento do CD, em 2009, teve a presença de Mestre Nenel, filho do Mestre Bimba, que ministrou uma oficina sobre Capoeira Regional.

Acostumado a compor letras grandes, Mestre Toni Vargas disse ter sentido dificuldade em se expressar nesse modelo de música. Mas o resultado é indiscutivelmente bom, assim como os trabalhos anteriores dele. 

A julgar pela maneira como o mestre vem compondo, baseada em pesquisas e fatos relacionados a história da Capoeira e da escravidão no Brasil, julguei interessante colocar em pauta a discussão central da música: É Banguela ou Benguela?

Bom, pesquisando sobre a origem da palavra Banguela, encontrei a seguinte explicação:

"A palavra banguela vem de banguê. Os negros benguelas tinham a tradição de arrancar os dentes da frente ainda crianças."

E ainda:


"Sem dentes, por associação ao termo africano 'Bengela' que significa 'onde o céu se encontra com a terra' por alusão à boca sem os dentes, onde tudo está unido sem nada no meio para separar e distinguir. 

Da mesma forma diz-se da descida do veículo sem estar engatado em alguma marcha ou solto do motor, como que se a engrenagem estivesse "sem dentes" ou banguela."

Muitos termos do nosso dia a dia nasceram de um jeito e se propagaram de outro, um exemplo é a expressão "cuspido e escarrado" que na sua origem é "esculpido em carrara".

Em posse dessas informações, a conclusão que eu chego é que Mestre Bimba batizou de Banguela, mas queria dizer Benguela, já que ele não era letrado. No entanto, quando um pai registra seu filho, o nome é aquele e pronto, errado ou não.

Atualização:

Então não existe Benguela?

Sim, existe. A Benguela foi criada pelo Mestre Camisa, em homenagem a Banguela de Mestre Bimba

Segue trecho de entrevista concedida a mim, em 2011, para a Revista Praticando Capoeira:

"Antes de perguntar se é Benguela ou Banguela, pergunta se há 20 anos atrás ouvia falar desse jogo ou do nome? Não se ouvia. É uma coisa que estavaadormecida. Eu venho da história da Banguela, eu fui aluno do Mestre Bimba, esse jogo praticamente sumiu. Não se ouvia o toque em roda nenhuma mais. O nome, a mudança, é o que menos interessa, é o resgate de um toque, de um jogo.

Em uma viagem para a África, fazendo algumas demonstrações, eu falava de cada toque e tocava. Eu tocando a Banguela, um senhor de Benguela me disse, ‘esse toque parece a Banda de Balafon (instrumento musical africano, semelhante a um xilofone, feito com cabaças), tocando o Hino de Benguela, o toque é muito parecido’. Aí eu fiz a junção, será que Banguela e Benguela, não é uma forma de falar? Porque o toque é parecido, então, eu passei a chamar Benguela, já que tem Angola que é um país, Benguela é uma província, um porto de onde embarcaram mais escravos para o Brasil.

Eu passei a chamar assim, para resgatar esse jogo, que é um jogo que praticamente sumiu no meio da Capoeira Regional e foi resgatada de uma forma completamente diferente, que mantém as características de um jogo embaixo e com uma linguagem diferente, a movimentação mudou, o andamento do toque também tem algumas diferenças e passei a chamar Benguela ."

E você, já sabia que Banguela e Benguela são coisas diferentes? Na sua academia/ grupo, vocês jogam Banguela ou Benguela?


Fontes:



terça-feira, 3 de maio de 2011

Nota de Falecimento - Mestre Artur Emídio - *31/03/1930 + 02/05/2011

Mestre Artur Emídio/ Imagem do Google

Rio de Janeiro, Brasil

As rodas lá do Céu receberam ontem à noite mais um grande capoeirista pra completar sua formação.

Mestre Artur Emídio faleceu por causas ainda não divulgadas.

O Mestre, precursor da Capoeira no Rio de Janeiro, nasceu em Itabuna-BA.

Capoeirista desde os 7 anos de idade, foi aluno do Mestre Paizinho (Teodoro Ramos). Treinava escondido no alto dos morros, pois, a Capoeira era proibida e seu mestre foi detido inúmeras vezes.

Muitas vezes se apresentou em circos e parques de diversões com sua "Luta Livre", que nada mais era do que demonstrações de suas habilidades de luta, incluindo evidentemente a Capoeira.

Em São Paulo, no ano de 1953, sagrou-se campeão contra o lutador de luta livre, Edgar Duro.

Em 1954, Mestre Artur Emídio empatou uma luta com o patriarca da família Grace, Hélio Grace.

Mudou-se para o Rio de Janeiro com toda sua família em 1955 e passou a ministrar aulas de Capoeira. Mestre Artur Emídio formou muitos alunos, como os mestres Celso, Mendonça e Paulo Gomes.

Acometido por uma artrose no joelho esquerdo, o mestre já estava há muitos anos sem poder dar aula, mesmo assim, nunca se afastou de nossa arte e sempre com o desejo de retornar aos treinos. Ainda sentia ter muito o que ensinar e nós concordamos, fará muita falta. 

Vá em paz!

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